sábado, 11 de setembro de 2010

"Ária por Djavan"

(Marta Faraco Pimentel)

 
Depois de ter perdido a conta de quantas vezes ouvi, diariamente, o novo cd “Ária” de Djavan Caetano Viana, desde o dia em que foi lançado, poderia jurar que todas eram composições dele, ou ao menos que foram feitas para a sua voz e sua interpretação. Sensacional combinação!
É preciso destacar que aqui, nesse artigo, não cabe a avaliação da escolha feita pelo artista, com muita dificuldade, como ele mesmo já afirmou, e muito menos fazer uma comparação de Djavan com os outros intérpretes que gravaram, há tempos, essas peças.
Se assim alguém o fizer, estará, inclusive, ignorando o objetivo do projeto do próprio Djavan, posto que o que ele sempre quis foi realçar o valor indiscutível de tais obras regravadas no cd.
Esclarecido esse ponto e partindo desse pressuposto, cabe aqui apenas, repito, até o presente momento, comentar a regravação dessas pérolas por Djavan.
Na verdade, Djavan enaltece as músicas cantadas, pois mostra que elas permitem que esse artista, dotado de recursos vocais incríveis e únicos, faça sua releitura , sem nenhuma dificuldade. Incorpora-as à sua interpretação pessoal e voz singular com uma facilidade extraordinária.
Em “Disfarça e chora”, faz lembrar desamores, sofrimentos amorosos, com muita propriedade e, ao mesmo tempo, acalenta e diminui tais angústias.
Em “Oração ao Tempo”, Djavan, com seu jeito menino de interpretar, funde-se à letra, como se fossem velhos amigos: ele e o tempo.
Em “Sabes mentir”, canta as desilusões amorosas, sempre cheio de emoção; dá a impressão de que ele foi o protagonista, tal a forma como veste o personagem.
Em “Apoteose ao samba”, contagia sua interpretação, soa mesmo como uma súplica. O samba, marca da cultura social brasileira é homenageado. Dá até vontade de cantar e sambar…
Em “Luz e mistério”, novamente o nosso Djavan romântico escolhe uma música que segue sua linha de compositor de metáforas, luz e sentidos.
Em “La Noche”, a voz sedutora e o romantismo intenso levam a crer que ele realmente é o protagonista, vivendo cada verso da canção.
Em “Treze de Dezembro”, abusa dos seus recursos vocais durante toda a música. Com um encanto só seu, ousa dessa forma porque sua voz é um instrumento musical. Alegre e dançante, a regravação ficou maravilhosa.
Em “Valsa Brasileira”, novamente entre metáforas e doçura, traz a vontade de dançar, pois sua interpretação é suave e encantadora.
Em “Brigas nunca mais”, empresta à sua voz a tranquilidade de um amor verdadeiro e cheio de companheirismo.
Em “Fly me to the moon”, dá um show de interpretação na releitura feita com extrema competência. Dançante e único, supera-se.
Em “Nada a nos separar”, nosso pássaro cantor triste, mas passando toda a emoção de predição de um futuro de felicidade. Enche-nos dessa esperança por sua interpretação sem similar.
Em “Palco”, a entrada da música já mostra uma versão totalmente diferente do original, algo difícil de conseguir. Cantando de forma leve, dá suavidade à letra, construindo um todo só seu, particular, incomparável. O final é incrível, porque abusa, novamente, com toda razão, de seus recursos vocais .
Que se ouça DJAVAN, como Djavan, porque o cd é todo e somente com a sua identidade! O nosso artista atingiu em cheio seu objetivo, colocando-se, inteiramente, de corpo e alma, como de costume, em seu cd e na escolha de muito competente produção: até nisso ele conseguiu sucesso.
Tais diferença e sucesso residem nos maiores trunfos desse trabalho: interpretação e voz magistrais, únicas, inconfundíveis; os mesmos trunfos de que sempre dispôs o nosso Djavan.
Só resta dar-lhe os parabéns e aguardar para vê-lo no palco: é realmente uma ária!

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